O Cecafé acredita fortemente na sustentabilidade da cadeia do agronegócio do café brasileiro e ao respeito às leis trabalhistas e ambientais, consideradas das mais avançadas e rigorosas do mundo, bem como pela geração de resultados econômicos consolidados e crescentes.

Em 2015 foi elaborado o Código de Ética e Conduta do setor exportador de café verde do Brasil, marco do Compliance em que os membros do Cecafé buscam ampliar para as suas cadeias de fornecimento os preceitos da ética e compromisso com as normas legais vigentes no país.

Nesse sentido, foi criado também o Selo de Sustentabilidade do Café Brasileiro, como chancela à iniciativa e com a finalidade de fortalecimento, reconhecimento e promoção da sustentabilidade brasileira.

Por meio da transparência, seriedade e maturidade do agronegócio do café brasileiro, o Selo reforça a sustentabilidade e o compromisso do setor frente aos players do mercado global de café, incluindo torrefadores e consumidores em todo o mundo, pois está acima de qualquer sistema de certificação global.

O Brasil já possui a certificação natural devido as Leis sociais, ambientais e resultado econômico consolidado. O amplo uso deste Selo por parte dos associados do Cecafé promove ainda mais a sustentabilidade e a qualidade do café brasileiro, com soberania e independência de qualquer certificação, pelos motivos apresentados neste artigo e comprovados cientificamente.

O Cecafé participou de uma recente reunião do Conselho Superior do Agronegócio – COSAG, e do Conselho Superior de Comércio Exterior – COSCEX, da FIESP, no mês de julho do corrente, com o tema “Comércio Agrícola Internacional”. O debate contou com exposições de representantes da FIESP, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), dos Ministérios do Meio Ambiente, das Relações Exteriores e da Agricultura, e da Representação Permanente da Missão Brasil junto à Organização Mundial do Comércio (OMC).

Na ocasião, a professora Vera Thorstensen, coordenadora do Centro do Comércio Global e Investimento da FGV e conselheira do COSCEX da FIESP, explanou sobre os sistemas de certificação e as consequentes barreiras comerciais por padrões de sustentabilidade. A professora foi enfática ao setor exportador e aos representantes do Governo Brasileiro ao destacar que o atual processo de terceirização por parte dos países europeus às ONGs, resulta em liberdade para a exploração do princípio da precaução, sem a devida legitimidade e transparência, configurando barreira ao comércio global.

Tais preocupações observadas pela professora Vera reforçam o posicionamento do Cecafé pela natural sustentabilidade brasileira por força de Lei. Nesse sentido, o Selo de Sustentabilidade do café brasileiro é uma questão de transparência, legitimidade e, principalmente, soberania nacional. No universo de cerca de 300 mil produtores, é notório e facilmente identificável o respeito ao meio ambiente, vide os esforços contínuos na proteção das áreas de mananciais, na adoção de manejo racional da água, e aplicação de técnicas agrícolas avançadas para o alcance da significativa produtividade por hectare plantado, sendo esta, a maior dentre os países produtores.

Vale ainda destacar que atualmente a área de café cultivada é 51% menor em comparação à década de 60, considerando o atual parque cafeeiro de cerca de 2,2 milhões de hectares. Nesse período, a produtividade média dos cafezais brasileiros saltou de 6,4 sacas por hectare para 33 sacas na safra 2018/2019, um incremento de 416%.

De acordo com a Embrapa Territorial, a área total destinada à preservação, manutenção e proteção da vegetação nativa no Brasil ocupa 66,3% do território. Toda a produção nacional ocorre em 7,6% do território. Os agricultores preservam mais vegetação nativa no interior de seus imóveis (20,5% do Brasil) do que todas as unidades de conservação juntas (13%).

Em relação ao agronegócio café, as principais regiões produtoras estão localizadas em estados onde os imóveis rurais possuem, na média, porcentagem de área dedicada à preservação da vegetação nativa acima do valor exigido pelo Código Florestal. Em Minas Gerais, o valor é de 34%; no Espírito Santo, 33%; São Paulo, 22%, e na Bahia, 45% de áreas dedicadas à preservação.

Os elevados índices de proteção ambiental na cafeicultura brasileira demonstram a sustentabilidade da atividade, considerando-se ainda a relevância social da produção, pois cerca de 86% dos produtores são de pequeno porte.

Somado a isso, o Brasil é o país que mais repassa o preço FOB – Free on Board (valor negociado pela saca de café colocada a bordo do navio) para o cafeicultor. Conforme metodologia do indicador IPEP – Participação do preço interno no valor FOB das exportações brasileiras de Café Arábica, o Brasil repassa aproximadamente 84% dos preços. Tal patamar demonstra a eficiência logística e a transparência dentro da cadeia produtiva do café. O Cecafé, como legítimo representante do setor exportador de café brasileiro, realiza diversas ações sustentáveis, com racionalidade e junto ao cafeicultor e demais seguimentos, que visa ao interesse nacional. Por meio dos seus Programas de Responsabilidade Social e Sustentabilidade, o Cecafé e seus associados reafirmam o compromisso do País na difusão das melhoras práticas ambientais e sociais em todos os seguimentos da cadeia produtiva.

O Produtor Informado, por exemplo, já capacitou mais de 6 mil produtores com base na inclusão digital, gestão ambiental e das boas práticas agrícolas. Há uma abordagem especial sobre técnicas de manejo de controle químicas e mecânicas das plantas daninhas na entrelinha do cafezal, manejo de pragas e doenças, buscando alternativas sustentáveis para a condução da cultura, observando-se sempre o LMR – Limite Máximo de Resíduo do café produzido frente às regulamentações dos diversos países importadores.

O Cecafé, seus associados, em parceria com as empresas de defensivos agrícolas, Plataforma Global do Café, entre outros, prepara-se para executar em 2019 as ações do Projeto Uso Responsável de Agroquímicos neste ano, com seguintes objetivos: conscientizar o aplicador sobre importância de uso de EPI (equipamentos de proteção individual), armazenar corretamente e com segurança e promover o manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas.

A adoção de EPI´s no manejo dos agroquímicos, bem como instalações apropriadas para alojamento e alimentação dos trabalhadores, incluem-se entre as ações contempladas no Programa e amplamente adotadas no campo.

No âmbito social, a riqueza gerada pelo agronegócio café tem contribuído significativamente para a geração de milhões de postos de trabalho e a melhoria da qualidade de vida da população. O cafeicultor adota as mesmas leis trabalhistas aplicadas aos trabalhadores urbanos, cumprindo as rigorosas exigências estabelecidas em Lei.

O Cecafé estreitou ainda mais sua relação com o Instituto Inpacto – principal instituição nacional a se dedicar inteiramente a erradicação do trabalho análogo ao escravo no Brasil. Participando ativamente dos eventos da Mesa de Café Brasil e do Grupo de trabalho de Café. A meta do projeto, totalmente alinhada com demanda e expectativas internacionais e as próprias necessidades de transparência do mercado global, é ampliar o envolvimento de todos os atores na promoção de uma agenda positiva e transformadora em prol do trabalho decente na cadeia produtiva do café.

É importante destacar que o Cecafé comunica imediatamente aos seus associados as atualizações dos cadastros de empregadores autuados por submissão de trabalhadores a condições análogas à de escravo, segundo inspeções realizadas pelos fiscais do Governo Federal brasileiro. O objetivo destas comunicações é informar a lista suja em caráter confidencial e buscar apenas mitigar eventuais riscos comerciais aos nossos associados, em vista a preservação da imagem e reputação do agronegócio café no mundo.

Outro destaque é o Programa Criança do Café na Escola, que teve início em 2003, com o objetivo de montar Laboratórios Digitais, com equipamentos de informática e acesso à internet, contando com o suporte educacional fornecido por uma pedagoga contratada pelo Cecafé. No total, foram instalados 137 Laboratórios Digitais em 95 municípios cafeeiros, além de 1,37 mil computadores (10 computadores por sala), sendo 116 deles com acesso à internet, com um investimento atualizado superior a R$ 10 milhões.

 

Diante do contexto apresentado, o Brasil atende aos requisitos dos mais diversos e exigentes mercados e está pronto para demonstrar ao mundo como equilibrar a produção com a preservação ambiental, conforme recente acordo comercial assinado entre o Mercosul e a União Europeia.

O Cecafé, como legítimo representante do setor exportador e parceiro do produtor e da indústria, está de olho nas tendências globais e na necessidade de articulação entre todos os elos da cadeia produtiva.

O Selo de Sustentabilidade, amparado pelo Código de Ética e Conduta e pelas ações de Responsabilidade Social e Sustentabilidade, demonstra o compromisso do setor exportador em ampliar ainda mais os projetos socioambientais de sucesso e continuar a promover a imagem do agronegócio café brasileiro no mundo, atendendo as demandas do consumidor final e estimulando o consumo de café.

Com a participação ativa dos seus associados, o Cecafé, de olho nas tendências globais e na necessidade de articulação entre todos os elos da cadeia produtiva e consumidores, seguirá em direção a sua missão: trilhando o caminho certo, utilizando-se da comunicação e demais ferramentas adequadas e corretas para um futuro cada vez mais sustentável e socialmente responsável.

 

Nelson Carvalhaes – Presidente do Conselho Deliberativo do CECAFÉ
Marcos Matos – Diretor Geral do CECAFÉ
Lilian Vendrametto – Gestora de Sustentabilidade do CECAFÉ