GCP reuniu a cadeia café para apresentar Plano Estratégico 2030, que une agricultura regenerativa e prosperidade do produtor

Na quarta-feira, 8 de novembro, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) participou do painel “Resiliência à mudança climática e prosperidade do produtor: o Novo Plano Estratégico rumo a 2030”, promovido pela Plataforma Global do Café (GCP). Também participaram representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Conselho Nacional do Café (CNC).

Segundo a gestora de Responsabilidade Social e Sustentabilidade do Cecafé, Silvia Pizzol, a iniciativa da GCP no Brasil tem a meta de aumentar a resiliência aos efeitos das mudanças climáticas para assegurar renda próspera a 95 mil pequenos e médios cafeicultores até 2030. Para tanto, o estabelecimento de parcerias e a colaboração com diferentes segmentos da cadeia café é fundamental.

“Como a disseminação do conhecimento é chave para garantir mais avanços na sustentabilidade da cafeicultura brasileira, o Cecafé destacou que o Programa Produtor Informado – criado pela entidade em 2006 e que, desde 2015, disponibiliza capacitações no Currículo de Sustentabilidade do Café (CSC), em parceria com a GCP – pode ser uma ferramenta para apoiar que o Plano 2030 alcance mais cafeicultores, nas diferentes regiões produtoras”, revela.

Silvia conta que, em sua versão atualizada, desenvolvida em parceria com a GCP, o Programa se transformou em uma plataforma de ensino à distância, com conteúdos de informática da Microsoft e de práticas ESG na cafeicultura, com base no CSC.

“A plataforma EAD permite interação entre técnicos e produtores, visando à melhoria da gestão e da governança socioambiental na produção cafeeira, sendo que muitas práticas abordadas estão alinhadas ao conceito em desenvolvimento de agricultura regenerativa”, explica.

Os debates sobre esse conceito tiveram continuidade ontem, 9 de novembro, durante a reunião do Grupo de Trabalho Brasil da GCP, que contou com a presença de especialistas em agricultura regenerativa. Essas práticas mencionadas no encontro incluem o aumento da biodiversidade, a redução de insumos químicos, manutenção do solo coberto e a preferência por fontes orgânicas, tanto no manejo integrado de pragas, quanto na adubação.

“Muitas dessas práticas já são adotadas na cafeicultura brasileira, mas têm potencial de serem escaladas. São manejos que têm impacto muito positivo na melhoria dos serviços ecossistêmicos, trazendo mais resiliência à atividade produtiva frente aos efeitos das mudanças climáticas”, comenta a gestora do Cecafé.

Esse benefício já foi quantificado em pesquisa promovida pelo Cecafé, com condução científica do professor da Esalq/USP, Carlos Cerri, e do Imaflora, que mensurou a adicionalidade de carbono decorrente da transição do cultivo convencional de café para aquele que adota práticas regenerativas, entre as quais o aporte de mais matéria orgânica no solo, a manutenção deste sob cobertura vegetal e a preferência por insumos orgânicos, favorecendo a biodiversidade. O resultado foi um balanço negativo de carbono (sequestro de carbono) da ordem de 10,5 t CO2eq/ha de café cultivado.