Trabalho do Cecafé permite que os principais importadores mundiais saibam mais sobre o respeito socioambiental e econômico da cafeicultura brasileira e aberto portas diante das novas regras do comércio mundial

Ontem, 25 de outubro, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) realizou reunião de seu conselho diretor, de forma híbrida, com representantes on-line e também na sede da entidade, em São Paulo (SP). Em pauta, estiveram os trabalhos de promoção realizados pelo segmento no exterior no que se refere aos aspectos sustentáveis da cafeicultura nacional frente às novas regulações do mercado internacional, principalmente a lei antidesmatamento da União Europeia (EUDR, em inglês).

“Nosso trabalho tem evidenciado o exemplo de sustentabilidade que os cafés do Brasil são para o mundo e isso vem nos colocando em posição de destaque e referência junto aos importadores e aos parlamentos dos principais países parceiros do produto. Os conselheiros do Cecafé entendem que esse é um trabalho de excelência e que, pelas conquistas obtidas, como o fato de termos sido escolhidos pela Comissão Europeia como projeto piloto e exemplo sustentável para a implantação da EUDR, deve ser mantido, auxiliando a promoção e fomentando o respeito aos critérios ESG da cafeicultura nacional em todo o mundo”, expõe o diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos.

Já o presidente da entidade, Márcio Ferreira, destacou os avanços em relação à rastreabilidade dos cafés do Brasil e a sinergia entre os elos da cadeia produtiva no sentido de ampliar a liderança mundial da atividade. “Nossa plataforma de rastreabilidade será um diferencial que evidenciará todo o nosso respeito aos critérios ESG, contribuindo para incrementar as ações propositivas que toda a cafeicultura brasileira vem realizando mundialmente para atender às novas demandas do comércio global”, comenta.

Conforme Ferreira, a implantação da EUDR, prevista para dezembro de 2024, trará novos desafios aos cafés do Brasil, os quais, para ele, podem ser transformados em oportunidades diante da sustentabilidade do setor. “Estamos realmente trabalhando em prol da cafeicultura e o Cecafé não tem se furtado de ser protagonista, mostrando, com um discurso embasado na realidade, que podemos atender às demandas das novas leis socioambientais internacionais e, inclusive, ampliar o market share no comércio global diante do crescimento do consumo”, explica.

Ponto de destaque da reunião foi a aprovação, pelos conselheiros do Cecafé, do avanço do estudo de viabilidade técnica, jurídica e econômica de um programa agrupado de créditos de carbono, em parceria com a StoneX e a Allcot. “Esta nova fase da parceria entre as entidades aprofundará as análises de metodologias, plataformas e cenários de adicionalidade de carbono pela adoção de boas práticas agrícolas na cafeicultura, visando conexão com o mercado de carbono”, revela a gestora de Responsabilidade Social e Sustentabilidade do Cecafé, Silvia Pizzol.

A agenda de carbono foi implementada pelo Cecafé em 2021, com foco em pesquisas de campo, em parceria com o Imaflora e professor Carlos Eduardo Cerri, da Esalq/USP. Na primeira pesquisa, conduzida em 40 fazendas representativas dos sistemas produtivos modais de Minas Gerais, concluiu-se que a adoção de boas práticas agrícolas na cafeicultura mineira gera uma adicionalidade de carbono de 10,5 toneladas de CO2eq por hectare ao ano.

A nova etapa desta pesquisa, em realização no Estado do Espírito Santo, está medindo o potencial de adicionalidade de carbono na cafeicultura capixaba, devido à adoção de boas práticas agrícolas e decorrente da mudança de uso do solo (transição de pastagem para cultivo do café conilon).

“O montante de adicionalidade obtido no estudo conduzido em Minas Gerais apontou para uma oportunidade de conexão com o mercado de carbono, como instrumento de remuneração dos serviços ambientais gerados pela adoção de práticas descarbonizantes. Para tanto, o Cecafé vem construindo essa parceria com a StoneX e a Allcot, desde o início de 2023, com a realização de alguns estudos prévios, que agora serão aprofundados para mensurar mais detalhadamente as oportunidades e desafios existentes nas dimensões técnica, jurídica e econômica para o desenvolvimento da Plataforma de Créditos de Carbono ‘Cafés do Brasil’”, completa Matos.

A reunião do conselho do Cecafé também contou com a presença da diretora executiva da Organização Internacional do Café (OIC), Vanusia Nogueira, que fez uma contextualização das novas legislações voltadas aos critérios ESG.