Frédéric Baron, do European Forest Institute, disse que país está no caminho correto ao disponibilizar, através da Plataforma de Rastreabilidade Cafés do Brasil, as informações do Cadastro Ambiental Rural

Nos dias 13 e 14 de dezembro, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) participou do “Diálogo e intercâmbio de experiências sobre a sustentabilidade da cadeia de valor do café”, promovido pelo programa da União Europeia AL-INVEST Verde, em conjunto com o Ministério de Comércio, Indústria e Turismo da Colômbia e com o PROColombia, em Pitalito, Huila, no país vizinho.

O evento teve o objetivo de aprofundar o conhecimento do Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR, em inglês) e alinhar as possíveis alternativas entre os países produtores para cumprir esses requisitos no setor cafeeiro.

Marcos Matos, diretor-geral do Cecafé, ministrou palestra no painel “Experiências de rastreabilidade e sustentabilidade do café na América Latina”, que também contou com contribuições de representantes do governo de Minas Gerais e do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil; Federación Nacional de Cafeteros (FNC) da Colômbia; Instituto del Café (ICAFE) da Costa Rica; Programa BPA+ do Equador; Coordenadora Latino-americana e do Caribe de Pequenos Produtores e Trabalhadores de Comércio Justo (CLAC); e Padrón de Productores Agrários do Peru.

Em sua explanação, Matos apresentou informações a respeito da Plataforma de Rastreabilidade dos Cafés do Brasil, desenvolvida pela Serasa Experian em parceria com o Cecafé, destacando seu dinamismo pelo fato de realizar atualizações dos dados em tempo real e permitir que os exportadores brasileiros comercializem cafés com a garantia de que o produto não é fruto de desmatamento ou desrespeitos ambiental e social.

“A nossa plataforma trabalha com dados georreferenciados e obtidos por satélite, compilando informações de inúmeras bases de dados públicas e oficiais, que avaliam e monitoram questões socioambientais, tendo como um dos pilares o Cadastro Ambiental Rural (CAR), uma obrigação legal a todos os produtores de café, estabelecida pelo Código Florestal Brasileiro, que, por seu caráter impositivo, permite integrar informações ambientais das propriedades, gerando um banco de dados para controle, monitoramento, planejamentos ambiental e econômico e combate ao desmatamento”, comenta.

Ele destacou, no evento, dados da sustentabilidade dos cafés do Brasil. “No contexto dos respeitos econômico, social e ambiental, evidenciamos que, em Minas Gerais e Espírito Santo, Estados que respondem por mais de 75% da produção nacional, quanto maior a área com café, maior o Índice de Desenvolvimento Humano, com os atores da cadeia, principalmente os produtores, dotados de renda que gera vida digna e bem-estar social”, revela.

A sustentabilidade dos cafés do Brasil também foi defendida pela consultora da Comissão Europeia em matéria de produtos de base globais, principalmente café, Hannelore Beerlandt. “Ela pontuou os aspectos sustentáveis da cafeicultura brasileira, em especial após uma série de visitas que fez a propriedades no país, e colocou o Brasil como liderança quando se fala em processos de rastreabilidade”, conta.

O diretor-geral do Cecafé expõe, ainda, que uma das cabeças pensantes por trás da redação do EUDR, Frédéric Baron, International Partnerships Facility do European Forest Institute (EFI), elogiou as iniciativas brasileiras no que tange à due diligence. “Ele disse que estamos no caminho correto com as informações disponibilizadas, via CAR, na plataforma de rastreabilidade e que, quanto mais dados pudermos oferecer, melhor será. E citou que precisamos seguir nesse caminho certo da comunicação global desses elementos”, diz.

Baron falou, ainda, que, pela expertise e corpo técnico capacitado, a Agência da União Europeia para o Programa Espacial (EUSPA) foi empoderada pelo bloco para analisar a due diligence como um todo, tratando da discussão mais técnica e sendo responsável pela análise mais aprofundada dos dados.

“Isso demonstra toda a exatidão do Cecafé na condução dos trabalhos de promoção da sustentabilidade na Europa. Através de nossas ações para elucidação e promoção da sustentabilidade e da rastreabilidade do produto nacional em diversos países europeus, realizadas em parceria com a European Coffee Federation (ECF), a Comissão Europeia, importadores e com a EUSPA, fomos escolhidos pela União Europeia como projeto-piloto, como referência aos outros países cafeeiros, para a implantação do EUDR”, analisa Matos.

Outro representante brasileiro, o professor Felipe Nunes dos Santos, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apresentou estudos científicos publicados na Revista Science, que comprovam mais de 99% de compliance dos cafeicultores brasileiros. “Isso referenda todo o trabalho promocional que temos realizado e atende a um dos critérios do EUDR, que impõe que a análise de risco seja feita com base na ciência. Isto é, essa publicação é de fundamental importância e coloca os cafés do Brasil em outro patamar de seriedade e credibilidade”, enaltece.

Como conclusão do evento realizado pela AL-INVEST Verde, agência 100% financiada pela UE, foram elencados os pontos fortes e fracos de cada país para atender ao EUDR. “Entre os pontos fortes do Brasil, o CAR foi citado como destaque para cumprir os critérios do regulamento, tendo sido citado em uma apresentação com logo, respaldo e conhecimento da UE. Esse reconhecimento do Código Florestal, da política pública brasileira, é um grande avanço e a indicação de que o país caminha na direção correta ao encontro dos anseios europeus”, finaliza Matos.