Entidade entende que ação público-privada pode transformar desafios das novas regulações em oportunidades para os cafés do Brasil

Em reunião realizada, hoje, 26 de abril, com o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Favaro, em Brasília (DF), o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) apresentou seus posicionamentos a respeito de matérias pontuais, as quais impactam o segmento, como as novas regulações de importantes mercados consumidores, como União Europeia (UE) e Estados Unidos.

“É de fundamental importância a atuação do Mapa, embaixadas e organizações do agro para transformar os desafios dessas novas regras de importação de commodities em oportunidades ao Brasil. Podemos ter o reconhecimento pela nossa sustentabilidade aos olhos dos consumidores globais pela primeira vez e é fundamental a sinergia entre os setores público e privado nesse sentido”, destaca Marcos Matos, diretor-geral do Cecafé.

A respeito do tema, ele revela que, a convite da entidade, a conselheira sobre café da Comissão Europeia DG INTPA F3 – Sistemas Alimentares Sustentáveis e Resilientes, Hannelore Beerlandt, virá ao Brasil para participar do 9º Coffee Dinner & Summit, promovido pelo Cecafé, em São Paulo, nos dias 25 e 26 de maio.

“Ela é a pessoa de maior confiança do setor privado europeu no tratado com a Comissão Europeia, fazendo a interface das informações do órgão burocrático para as empresas. No nosso evento, Hannelore falará sobre as tendências das novas leis europeias, seu processo de implementação e demonstrará as particularidades do café, que não está na cesta comum, pois tem suas particularidades e, por exemplo, não está atrelado ao desmatamento”, explica Matos.

Ciente dessa iniciativa e da necessidade de trabalho conjunto entre os órgãos públicos e o setor privado, o ministro da Agricultura confirmou sua participação no 9º Coffee Dinner & Summit e informou que contribuirá para os debates com os representantes da União Europeia sobre o agronegócio brasileiro, em especial o café.

Ele também falou a respeito das oportunidades relacionadas à promoção dos cafés do Brasil na China, mercado que vem confirmando as expectativas e escalando o ranking dos principais mercados do produto nacional.

“Os chineses aumentaram em quase 110% suas importações no primeiro trimestre e já ocupam o 14º lugar entre os maiores destinos de nossos cafés, caminhando a passos largos para o top 10, números que impressionaram o ministro Favaro, que viu com bons olhos a proposição de ações conjuntas com o Cecafé nesse mercado e se comprometeu a buscar soluções que desburocratizem o processo de cadastramento de exportadores no país asiático”, pontua.

Matos também reforçou a preocupação dos exportadores com a reforma tributária, que tramita no Congresso Nacional, especialmente em tempos de contas públicas pressionadas. “Temos receio principalmente com o imposto na exportação, a Lei Kandir, e entendemos que a postura do ministro, de apoio ao crescimento das exportações do agro, é de fundamental relevância para termos o melhor cenário de defesa do interesse dos exportadores, evitando tributação excessiva”, comenta.

A preocupação se justifica porque o Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café, além de segundo maior consumidor. Dotado de uma cafeicultura predominantemente familiar, o país exporta para mais de 120 países anualmente, com market share de aproximadamente 40%, com o café sendo o quinto principal produto da pauta do agronegócio nacional. “Impostos excessivos certamente impactarão a receita de municípios, players da cadeia e a qualidade de vida de produtores e exportadores”, diagnostica o diretor do Cecafé.

Na reunião, ele também citou a importância da validação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) para a promoção da imagem sustentável do Brasil no exterior e defendeu ações para a preservação do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC) e do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), solicitando, ainda, uma suplementação de recursos ao Consórcio Pesquisa Café, gerido pela Embrapa Café, visando à continuidade dos investimentos em pesquisa e tecnologia, que mantém o Brasil na vanguarda da cafeicultura mundial há décadas.

Matos destacou ao ministro, ainda, a parceria entre Cecafé e os órgãos vinculados à Pasta da Agricultura e ao governo federal, que vem permitindo diversas ações de promoção da sustentabilidade, da diversidade e da sustentabilidade dos cafés do Brasil no exterior, junto com adidos agrícolas e embaixadas. “Essa sinergia permite que as informações corretas sobre o agro nacional estejam constantemente em evidência e próximas ao consumidor global, como os bons exemplos que expomos de nossos cafés”, conclui.