O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) vem monitorando e participando efetivamente dos trâmites a respeito da Medida Provisória 832/2018, que se refere ao tabelamento do frete, principalmente após a paralisação dos caminhoneiros ter gerado essa distorção de mercado.

“As entidades do agronegócio são absolutamente contrárias ao tabelamento de frete rodoviário, que causou danos na safra 2017/18 e gera riscos maiores para a safra 2018/19. Entendemos que a livre iniciativa é o único caminho para a normalização do fluxo comercial”, posiciona-se o diretor geral do Cecafé, Marcos Matos.

Os impactos do tabelamento – em vigência desde 30 de maio – nos índices de inflação são prova contundente do erro que significa esta medida, conforme apontam as entidades do Instituto Pensar Agro (IPA). O IPC Fipe de junho para o setor de alimentação foi de 3,14%, sendo que em abril havia sido negativo em -0,10%.

No setor de transportes, o IPC em junho foi de 1,01%, tendo sido 0,05% em abril. Já o IPCA-15 do IBGE trouxe índices de 2,03% e 1,58% para os setores de alimentação e transportes. Lembrando que, em abril, tais índices foram abaixo de 0,1%.

Segundo Matos, não se pode subestimar tais impactos para o controle inflacionário brasileiro, muito menos afirmar, com leviandade, que os ajustes inflacionários já ocorreram e são coisa do passado.

“Conforme defendemos em carta pública, ‘considerando que a Medida Provisória estabelece que os preços serão revisados semestralmente e, não havendo publicação de nova tabela, essa será corrigida para cima pelo IPCA, o que evidencia impacto inflacionário permanente e inercial na economia do País'”, menciona.

O diretor do Cecafé comenta, ainda, que o setor está indignado com a tentativa do Governo Federal, na última quarta-feira, 4 de julho, aprovar a Medida Provisória 832/2018 por meio de manobras no Congresso Nacional.

“O texto da MP do tabelamento do frete foi, assim, aprovado em comissão mista e todos os nossos esforços foram desconsiderados pelo relator (deputado Osmar Terra), o que esgotou as oportunidades para negociarmos aprimoramentos”, sinaliza.

Nesse sentido, Matos alerta para a irresponsabilidade que representa a legalização do tabelamento de frete e conclui informando que as entidades do setor estão solicitando aos parlamentares que não apoiem a votação da Medida Provisória.

“Assim como temos defendido conjuntamente com as demais entidades, faz-se fundamental que deputados e senadores exerçam seu bom senso e tenham a percepção correta do substancial prejuízo que impor um tabelamento de frete trará ao setor produtivo, com impactos já no curto prazo e que tendem a crescer em médio e longo prazos”, finaliza.