O tema sustentabilidade é cada vez mais importante em qualquer setor econômico do país. Para o mercado agrícola e, mais especificamente o de café, o cenário não é diferente. Em tempos onde a população mundial cresce exponencialmente, a necessidade de ampliar a produção de alimentos segue no mesmo ritmo e, neste sentido, é fundamental que os processos produtivos do segmento sejam cada vez mais eficientes e sustentáveis, garantindo assim o abastecimento sem impactos para o meio ambiente.

Neste contexto de sustentabilidade, um tema que vem ganhando repercussão dentro do Brasil é o Novo Código Florestal. Homologado em 2012, o documento é um grande marco para alinhamento entre a preservação dos recursos naturais e a produção agropecuária.

O novo Código chega como um ativo que tem papel importante na retomada do crescimento econômico do país, pois proporciona segurança para a geração de renda e empregos aos produtores rurais brasileiros. Além disso, agregará ainda mais valor às ações já realizadas pelo setor agropecuário brasileiro, que há anos trabalha na busca incessante por inovações e tecnologias que permitam desenvolver processos produtivos mais sustentáveis.

A cafeicultura nacional é um exemplo disso, pois ao longo dos anos evoluiu a largos passos, reduzindo o espaçamento da plantação, criando novas variedades e utilizando melhorias técnicas de adubação, manejo do solo e controle de pragas, o que resultou em praticamente triplicar sua capacidade de produção conservando os recursos hídricos e o equilíbrio ecológico das regiões produtivas. Agora, com o novo Código Florestal, o setor tende a evoluir mais.

Um dos pontos importantes do novo Código Florestal é a manutenção dos percentuais de Reservas Legais correspondentes à localização de cada propriedade. Neste sentido, o produtor, seja do café ou de qualquer tipo de cultura, pode recuperar parte da área de reserva legal com a instalação de espécies de árvores comerciais, agregando valor à sua produção.

Se levar em conta que a sustentabilidade significa, literalmente, a continuidade, sem dúvida a exploração econômica de áreas de reserva legal, mediante manejo sustentável, está em linha com o que se pretende alcançar.

Somado a isso, o Código trouxe, entre diversas disposições, o CAR, Cadastro Ambiental Rural; e o PRA, Programa de Regularização Ambiental. A junção de todos os cadastros, elaborados pelos próprios proprietários rurais de modo declaratório, resultará em uma fotografia do uso e ocupação das terras, que será base fundamental para o desenvolvimento agropecuário e socioeconômico do Brasil.

Do ponto de vista territorial prático, o CAR permite a gestão da cadeia de fornecimento e é capaz de trazer segurança para os compradores no que diz respeito à rastreabilidade, pois com ele é possível entender a localização das propriedades e o que está acontecendo dentro de seus limites.

Assim, os produtores agrícolas brasileiros como um todo, incluindo os cafeeiros, ao adotarem CAR darão um passo à frente para um controle ainda mais eficiente de seus processos produtivos, agregando mais qualidade, sustentabilidade e níveis mais elevados de competitividade. Sem dúvida, esses são ingredientes fundamentais em um mundo Globalizado, onde o consumidor final está cada vez mais exigente e quer saber a origem, qualidade e a sustentabilidade dos produtos que consome.

Considerando todos esses pontos, sem dúvida temos a convicção de que o setor agrícola brasileiro, onde o café está totalmente inserido, está no caminho certo para um futuro cada vez mais produtivo e sustentável. Agora é hora de seguir em frente!

 

Marjorie Miranda – Coordenadora dos programas de Responsabilidade Social e Sustentabilidade do CECAFÉ