Como parte da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, a sustentabilidade econômica, social e ambiental da cafeicultura foi tema de amplo debate no Seminário “Café: Quão sustentável é o nosso futuro?”, realizado no Quênia no dia 25 de março de 2019.

O Seminário foi exemplo de colaboração entre a OIC – Organização Internacional do Café, a GCP – Global Plataforma do Café (GCP) e o Governo anfitrião do Quênia, durante a 124ª Sessão do Conselho Internacional do Café.

O evento contou com oradores do agronegócio global do café. O Cecafé – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, representado pelo diretor geral Marcos Matos, promoveu um debate no Painel “Colaboração público-privada para garantir a viabilidade econômica da cafeicultura” com o objetivo de compartilhar os exemplos concretos desenvolvidos pelo Brasil, os fatores de sucesso e desafios do setor.

Além do diretor geral do Cecafé, estiveram presentes: Nguyen Do Anh Tuan – vice-presidente do Conselho de Coordenação do Café Vietnamita e diretor geral do IPSARD, Vietnã; Emmanuel Iyamulemye Niyibigira – diretor administrativo do café de Uganda; Aguinaldo José de Lima – consultor de Agronegócios da ABDI; com a moderação de Carlos Brando – presidente do conselho da Plataforma Global do Café.

No painel, o diretor apresentou o Cecafé como legítimo representante do setor exportador de café brasileiro e destacou o histórico reconhecimento e investimento do setor em ações voltadas à sustentabilidade, considerando os aspectos sociais, ambientais e econômicos de toda a cadeia produtiva.

O Cecafé tem atuado para fomentar o conhecimento e as boas práticas nas regiões produtoras de café, com base nos Programas Criança do Café na Escola, Produtor Informado e Café Seguro, com importantes resultados que fortalecem a sustentabilidade de todos os seguimentos da cadeia produtiva.

O Programa Criança do Café na Escola, implementado a partir de 2003, já atendeu a 45 mil crianças das escolas públicas do meio rural. Com um investimento atualizado de R$ 9,00 milhões, o Programa conta com acesso a cerca de 137 laboratórios digitais, sendo 116 com internet, em 95 regiões produtoras dos 7 Estados mais importantes para a cafeicultura brasileira.

O Programa Produtor Informado foi criado pelo Cecafé em 2006 com o intuito de levar inclusão digital para o meio rural. A partir de 2015, com a parceria da Plataforma Global do Café, foram incluídas as boas práticas agrícolas e a atenção à legislação ambiental e trabalhista, com base no currículo de sustentabilidade da cafeicultura. Além das aulas, foram promovidos diversos dias de campo, com o objetivo de mostrar, na prática, esforços na busca pela produção de café cada vez mais sustentável, com o aumento da produtividade e ampliação da aplicação de pesquisa, tecnologia e melhorias no campo. Até 2019, o Programa almeja capacitar aproximadamente 6 mil produtores.

Atento às demandas internacionais para o setor, o Cecafé apoia o Projeto Mesa Café Brasil, a convite do Instituto Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo – InPACTO e da Catholic Relief Services – CRS. A iniciativa visa promover aspectos de transparência e promoção do trabalho decente no setor cafeeiro do Brasil e conta com o apoio de certificadoras, governos e importantes torrefadores internacionais.

Outro destaque é o Programa Café Seguro, que consiste em uma série de ações para orientar o produtor em relação aos cuidados no processo de produção que garantam, por exemplo, o uso correto de agroquímicos, beneficiando o consumidor, a qualidade do grão de café e protegendo o meio ambiente.

Os associados do Cecafé assumiram o próprio Código de Ética e Conduta, que busca ampliar para toda a cadeia de fornecimento os preceitos da ética e compromisso com as normas legais vigentes no país. Para tanto, foi criado o Selo de Sustentabilidade, seguindo os princípios estabelecidos no Código.

O representante do Cecafé ainda destacou as discussões em relação à “Iniciativa de Membros do Projeto Uso Responsável de Agroquímicos”, com parceiros dos seguimentos da cadeia produtiva do café, indústria de agroquímicos e diversas agências de extensão rural do Brasil. Para tanto, o setor exportador demonstra como a eficiência e a organização do seguimento possibilita a criação de parcerias público-privadas para promover a viabilidade econômica da cafeicultura. Como exemplo, demonstrou como os preços FOB de exportação são repassados aos cafeicultores brasileiros, atualmente ao redor de 84%, e a importância de se obter e monitorar tal indicador nos demais países produtores e exportadores.

Para finalizar, durante as discussões da Sessão do Conselho Internacional do Café o Brasil foi eleito para presidir os trabalhos de negociação do novo Acordo Internacional do Café (AIC). O acordo atual, de 2007, vence em 2021. O AIC é o tratado internacional que define os objetivos da Organização Internacional do Café (OIC), cujo diretor-executivo é o brasileiro José Sette.

A Organização reúne países exportadores e importadores, com o objetivo de enfrentar os desafios do setor. Seus membros representam 98% da produção e 67% do consumo mundial de café. O Brasil, como maior produtor e exportador mundial do produto, além de segundo maior consumidor, e referência em sustentabilidade mundial, devido às leis sociais e ambientais mais rígidas do mundo, será o protagonista para a elaboração do novo Acordo Internacional do Café (AIC).

O Cecafé, como membro da delegação brasileira e parceiro da produção nacional, defende a modernização desta entidade internacional, para que sejam realizados amplos programas de promoção do café, tanto nos mercados tradicionais, quanto nos emergentes, com especial atenção aos asiáticos.

 

Marcos Matos – Diretor Geral do CECAFÉ
Lilian Vendrametto – Gestora de Sustentabilidade do CECAFÉ