Ao comemorar os 290 anos de Café no Brasil, o país colherá a sua safra recorde de aproximadamente 58 milhões de sacas, com uma produtividade média de 30 sacas por hectare, consolidando a cafeicultura brasileira na liderança global da bebida, sendo o maior produtor, exportador e segundo maior consumidor.

De acordo com o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), o Valor Bruto da Produção de Café atingiu R$ 24,34 bilhões, contribuindo para a geração de milhões de postos de trabalho e a melhoria da qualidade de vida da população.

Quando se fala em qualidade de vida, junto com o índice de Gini, que mede a renda, é interessante olhar para o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que leva em conta a renda, educação e saúde. Comparando-se o IDH da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) nas últimas décadas observa-se que o desenvolvimento agropecuário no Brasil resulta em melhora da vida das pessoas.

De acordo com os dados preliminares do Censo Agropecuário de 2017, apresentados recentemente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ser um cafeicultor brasileiro é também um bom negócio, englobando todos os aspectos da sustentabilidade, o econômico, o social e o ambiental.

O café é atualmente produzido em 307,8 mil estabelecimentos, um aumento de 7,3% quando se compara ao Censo 2006, quando foram registrados 286,7 mil estabelecimentos. Em Minas Gerais, maior produtor nacional, os dados do Censo mostram aumento de 13,9% do número de propriedades dedicadas à produção cafeeira no estado, de 120 mil.

Somado a isso, o Brasil é o país que mais repassa o preço FOB – Free on Board (valor negociado pela saca de café arábica, colocada a bordo do navio) para o cafeicultor. Conforme metodologia do indicador IPEP/CECAFÉ – Participação do preço interno no valor FOB das exportações brasileiras de Café Arábica, o Brasil repassa aproximadamente 80% dos preços. Tal patamar demonstra a eficiência logística e a transparência dentro da cadeia produtiva do café.

No aspecto ambiental, os resultados do CAR (Cadastro Ambiental Rural) demonstram que o agricultor é responsável por grande parte da preservação ambiental. O Brasil preserva 66,3% da vegetação nativa, mostrando ao mundo que é possível conciliar a produção de alimentos com a preservação ambiental. Segundo a compilação de dados realizada pela Embrapa, aproximadamente 25,6% da vegetação preservada encontram-se em propriedades rurais privadas. Analisando-se os cafeicultores brasileiros, o patamar de preservação atinge cerca de 30%.

Diante do contexto apresentado, é com muito orgulho que se comemorou, no dia 28 de julho, o dia do agricultor. Pensando no futuro, o protagonismo assumido pelos produtores rurais brasileiros e por todo o agronegócio nacional, reconhecido internacionalmente, levou o país a ser impelido pela Organização das Nações Unidas, ONU, a suprir em 40% a demanda de alimentos da crescente população mundial, que deve passar dos atuais 7 bilhões para 11 bilhões de habitantes em 2050.

O crescimento esperado da população, da classe média e da renda, sobretudo nos países asiáticos, amplia anualmente a demanda por alimentos diversificados e de qualidade, como o café.
Diante do atual dinamismo para o consumo global de café, torna-se possível estabelecer cenários para o desempenho da demanda para a próxima década. A demanda total por café, em 2030, tende a ser da ordem de 205 a 220 milhões de sacas, de acordo com os cenários projetados.

Uma tarefa exequível para o cafeicultor brasileiro. O CECAFÉ, como representante do setor exportador de café do Brasil, é parceiro do cafeicultor na missão de levar conhecimento por meio do Programa Produtor Informado. O objetivo é a inclusão digital, bem como aumentar a produtividade, a renda, a qualidade do produtor e da vida da população rural, ao mesmo tempo que preserva os recursos naturais, mitigando-se eventuais impactos negativos.

Pela difusão de boas práticas agrícolas e de gestão, busca-se aumentar a resiliência do produtor e capacitá-lo para que supere todos os desafios e oportunidades que a cafeicultura apresenta.

 

Marcos Matos – Diretor Geral do CECAFÉ