Levantamento do Cecafé com a ElloX Digital aponta que 27 navios sequer tiveram uma abertura de gate, gerando custos adicionais de pré-stacking aos exportadores

O índice de alteração de escalas e atrasos de navios com café no Porto de Santos (SP), principal escoador do produto no Brasil, ficou em 80% em março de 2024, envolvendo um total de 90 porta-contêineres, sendo que a maior alteração foi de 39 dias entre o primeiro e o último deadline. A informação consta no mais recente Boletim Detention Zero (DTZ) elaborado através de parceria entre o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) e a startup de tecnologia no segmento logístico ElloX Digital.

De acordo com o diretor técnico da entidade, Eduardo Heron, esse cenário demonstra a complexidade que os exportadores permanecem vivenciando, diariamente, para embarcar café. “Esse índice de 80% é o terceiro pior da série histórica, iniciada em janeiro de 2023. A continuidade dos desafios logísticos, com elevado índice de atrasos de navios, é um dos, senão o principal entrave que o setor enfrenta e que onera ainda mais os exportadores brasileiros”, comenta.

O Boletim DTZ aponta que também seguem os problemas relacionados à abertura de gates no terminal, impactando o planejamento de embarques das empresas de maneira direta, com custos adicionais e esses gargalos para honrar prazos e compromissos com clientes internacionais.

Em março de 2024, somente 13% dos procedimentos de embarque tiveram prazo superior a quatro dias de gate aberto por navios. Outros 57% possuíram entre três e quatro dias e 30% tiveram menos de dois dias.

“É válido ressaltar que 27 navios não tiveram sequer uma abertura de gate no mês passado, o que fez com que os exportadores não possuíssem alternativas a não ser bancar mais esse custo imprevisto de pré-stacking”, lamenta Heron.

AMPLIAÇÃO DO MONITORAMENTO
A partir de março, o Cecafé e a ElloX Digital ampliaram o leque de monitoramento dos portos brasileiros, passando a incluir outros três terminais. De acordo com o Boletim Detention Zero, o índice de atrasos de navios com café no complexo portuário do Rio de Janeiro (RJ) foi de 81% – o maior no período –; em Vitória (ES), de 59%; e em Salvador (BA), de 14%.