História do café

O início da história do grão não é preciso, mas há uma lenda sobre um pastor da Abissínia, atual Etiópia, que, por volta do ano 800, notou que suas cabras ficavam dispostas e saltitantes ao ingerir frutos amarelos avermelhados. Depois de mastigar o alimento, os animais ficavam cheios de energia e caminhavam quilômetros e mais quilômetros por terrenos íngremes.

O pastor relatou o fato a um monge, que resolveu experimentar a infusão dos frutos e constatou que a bebida ajudava a ficar desperto para as orações e longas horas de estudo. A notícia se espalhou e gerou uma demanda pelo produto. Evidências mostram que o café foi cultivado pela primeira vez nos monastérios islâmicos do Iémen.

Por conta da religião islâmica, que não permite a ingestão de bebidas alcoólicas, o café logo se disseminou pelos cultos religiosos da região da Arábia, de onde veio o nome café, qahwa, em árabe, que significa vinho. O fruto foi torrado pela primeira vez na Pérsia. Os árabes mantiveram o monopólio do produto até o século XVI. Mas, a partir de 1615, o grão passou a ser saboreado no continente europeu levado por viajantes depois de suas incursões ao Oriente.

O interesse da Europa pela bebida levou os holandeses a contrabandear frutos frescos e iniciar as plantações em suas colônias na Ásia (Java, Ceilão e Sumatra) em 1699. Neste ínterim, os franceses foram presenteados com um pé de café e iniciaram as plantações nas ilhas de Sandwich e Bourbon. De lá, os europeus trouxeram mudas da planta para suas colônias na América Latina.

A chegada do café ao Brasil é atribuída ao sargento-mor, Franciso de Mello Palheta. Em 1727, ele teria recebido a incumbência do governador do Maranhão e Grão Pará de visitar a Guiana Francesa e conseguir uma muda do fruto, que se tornara um produto de alto valor comercial na época. Para conseguir êxito, o oficial conquistou a confiança da esposa do governador da capital da Guiana Francesa. No fim da viagem, a primeira dama lhe ofereceu uma muda de café arábica, que ele trouxe para Belém do Pará escondida na bagagem.

As condições climáticas do Brasil foram favoráveis e logo o cultivo do café se espalhou para outros Estados. A mata da Tijuca no Rio de Janeiro foi o ponto de partida para grandes plantações, que se estenderam para Angra dos Reis (RJ), Paraty (RS) chegando a São Paulo pela cidade de Ubatuba. Não demorou muito para os cafezais ocuparem o Vale do Paraíba, depois Campinas (SP), a região de Ribeirão Preto (SP), estendendo-se para os Estados de Minas Gerais e Paraná. Em 1830, o grão já era principal produto das exportações brasileiras. O café impulsionou o desenvolvimento econômico do Brasil, em especial, o Estado de São Paulo, que construiu novas ferrovias, a Sorocabana e a Mogiana, para transportar a mercadoria para o Porto de Santos.

A pujança da cafeicultura do centro-sul do Brasil foi abalada por uma geada em 1870, que acarretou graves prejuízos. Quase 60 anos mais tarde, em 1929, a cafeicultura sofreu um novo abalo. A quebra da Bolsa de Nova York obrigou o governo federal a queimar milhões de sacas de café para evitar uma crise ainda maior. O episódio marcou o fim do auge do ciclo do café, que foi de 1800 a 1929. Depois disso, as lavouras cafeeiras se restabeleceram em Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Paraná e hoje estão presentes em 15 Estados do Brasil. O café não é mais o principal produto de exportação do Brasil, mas é uma das commodities de maior destaque nas vendas externas dentro do segmento do agronegócio.