10ª edição do Coffee Dinner & Summit reuniu representantes de 35 países para analisar o futuro do fluxo do comércio
Em julho, o Brasil se tornou o epicentro do debate global sobre o futuro do café ao sediar o maior evento internacional do setor. Promovida pelo Cecafé, em Campinas (SP), a 10ª edição do Coffee Dinner & Summit reuniu mais de dois mil participantes nos três dias, incluindo representantes de 35 países, para debater “O futuro do fluxo do comércio: protagonismo e liderança dos Cafés do Brasil”.
O evento promoveu importantes reflexões sobre questões econômicas, climáticas, socioambientais, regulatórias e logísticas, que trazem desafios, mas também oportunidades às nações cafeeiras, principalmente ao maior produtor mundial de café, o Brasil, em relação a iniciativas sustentáveis estruturadas sob critérios ESG e o abastecimento global, na expectativa de analisar o futuro do fluxo do comércio. O tema foi explorado por mais de 80 palestrantes, distribuídos entre painéis, “coffee talks”, palestras técnicas, Espaço de Sustentabilidade e Arenas do Conhecimento.
O comprometimento setorial com a promoção do trabalho decente foi um dos destaques do 10º Coffee Dinner & Summit, em dois momentos muito importantes. O primeiro, foi um evento promovido pela Embaixada da Alemanha no Brasil e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com o apoio do Cecafé e da Associação Alemã de Café, que reuniu lideranças nacionais e internacionais do setor cafeeiro, organizações da sociedade civil, representantes dos trabalhadores rurais e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) para exposições de visões e ações colaborativas, em andamento no Brasil, relacionadas à melhoria contínua da sustentabilidade social da cafeicultura.
Como resultado, ficou evidente o elevado nível de maturidade do setor cafeeiro nacional para o diálogo social, a colaboração e o profundo engajamento em múltiplas ações que visam ao contínuo aperfeiçoamento das condições de trabalho. O reconhecimento dos esforços setoriais pelos importadores de nossos cafés e a confiança demonstrada na capacidade do Brasil em atender aos elevados padrões ESG que o mercado europeu demanda também foi expresso de forma clara em várias ocasiões.
Conforme destacado pelo Cecafé, a transparência com que o Brasil enfrenta seus problemas sociais deve ser valorizada e não usada como base para generalizações e penalizações de todo um setor. Os casos de violação aos direitos humanos reconhecidos pelo Estado brasileiro, por meio da Lista Suja do Trabalho Análogo ao de Escravo, correspondem a 0,03% do universo de cafeicultores — são 66 empregadores entre os mais de 264 mil existentes no Brasil.
Embora esse número seja pequeno, isso não diminui sua gravidade, mas reforça que o setor cafeeiro nacional está no caminho certo e seu objetivo é claro: chegar a zero casos de violações.
Para isso, a colaboração com o Ministério do Trabalho e entre os diferentes atores da cadeia produtiva do café é fundamental, com foco em três eixos: (i) a ampliação do diálogo social; (ii) o fortalecimento da fiscalização trabalhista; e (iii) o aperfeiçoamento da legislação para refletir a realidade da produção cafeeira, que é essencialmente baseada no pequeno produtor (78% dos cafeicultores brasileiros são da agricultura familiar).
A união de esforços entre produção, exportação e governo brasileiro para a promoção do trabalho decente foi ratificada pela adesão do Cecafé ao “Pacto pela Adoção de Boas Práticas Trabalhistas e Garantia de Trabalho Decente na Cafeicultura no Brasil”, com a presença do Ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho.
O Pacto reforça a cooperação entre instituições públicas e privadas para viabilizar ações que aperfeiçoem, cada vez mais, as condições de trabalho na cafeicultura brasileira. Ao assinar este termo de adesão, uma iniciativa que se embasa no diálogo social, o Cecafé e seus associados buscam somar esforços, com seus múltiplos programas, projetos e ações de longa data relacionados à dimensão social da sustentabilidade, com as entidades de representação da produção cafeeira, o governo brasileiro, a representação dos trabalhadores rurais e a OIT, reiterando o comprometimento com a promoção do trabalho decente na cadeia produtiva do café brasileiro.
Após o Coffee Dinner & Summit, o Cecafé promoveu a 2ª Coffee Trip, oportunidade em que lideranças dos principais mercados importadores dos cafés do Brasil puderam conhecer, in loco e na prática, a sustentabilidade da cafeicultura em suas três dimensões: social, ambiental e econômica. Essa etapa envolveu visitas a fazendas (de diferentes perfis, tamanhos e conceitos de negócios), empresas nacionais e globais e cooperativas das regiões de Varginha, Três Pontas e Guaxupé, em Minas Gerais – a 1ª Coffee Trip foi realizada no Espirito Santo.
Essa viagem à origem produtora contou com ampla participação dos painelistas do Painel “Organizações Globais de Café em tempos de novas regras ao fluxo do comércio” do Coffee Dinner & Summit, que foi formado por presidentes e executivos da DKV – GERMAN COFFEE ASSOCIATION; ECF – EUROPEAN COFFEE FEDERATION; SCTA – SWISS COFFEE TRADE ASSOCIATION, ICO – INTERNATIONAL COFFEE ORGANIZATION, FNC – FEDERACIÓN NACIONAL DE CAFETEROS e BSCA – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CAFÉS ESPECIAIS. Durante o evento e nos dias de visitas, foram destacadas as defesas técnica e emocional do café brasileiro.
Já ao final de todas as atividades, as palavras dos representantes internacionais foram de gratidão pela oportunidade de vivenciarem experiências no café brasileiro, o nível de compromisso, conscientização e de seriedade, em todos os níveis dos membros e parceiros do Cecafé e dos produtores visitados. Um trabalho alicerçado nos pilares da sustentabilidade, credibilidade, diversidade e qualidades.
O Cecafé agradece a todos os envolvidos pelo engajamento, senso de pertencimento e união no amplo e decisivo apoio para que tudo se concretizasse.
Marcos Matos
Diretor Geral do CECAFÉ
Silvia Pizzol
Gestora de Sustentabilidade do CECAFÉ
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