Promoção de práticas regenerativas é objeto de parceria entre Cecafé e Emater-MG anunciada no Dia Internacional do Café

Desde 2015, em primeiro de outubro se comemora o Dia Internacional do Café. Esta data foi instituída pela Organização Internacional do Café (OIC) com o objetivo de criar um dia único de celebração para os amantes do produto em todo o mundo e ampliar a conscientização sobre o trabalho realizado por milhões de famílias cafeicultoras e os principais desafios da cadeia global cafeeira. A cada ano, o Dia Internacional do Café aborda uma temática relacionada à sustentabilidade e, no 1º de outubro de 2025, as celebrações focaram no poder da colaboração para impulsionar o desenvolvimento sustentável, a resiliência e a geração de renda nas comunidades cafeeiras. Para tanto, a OIC lançou a campanha global “Abraçando a colaboração mais do que nunca”.

Em alinhamento ao tema do Dia Internacional do Café, o Cecafé anunciou uma nova parceria estratégica com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) no âmbito do Programa Construindo Solos Saudáveis.

O objetivo deste programa é promover a adoção de práticas de agricultura regenerativa, visando a melhoria da estrutura e fertilidade do solo nas propriedades rurais, por meio da implantação de cultivos de cobertura.

As plantas de cobertura são essenciais para a construção de sistemas agrícolas mais resilientes e sustentáveis. Na cafeicultura, elas atuam como aliadas na regeneração dos solos, especialmente em áreas com histórico de degradação ou uso intensivo.

Culturas como feijão-guandu, crotalária, milheto, trigo mourisco e nabo forrageiro são frequentemente utilizadas por suas características agronômicas favoráveis. Elas promovem a fixação de nitrogênio, melhoram a estrutura física do solo, aumentam a infiltração de água, reduzem a lixiviação de nutrientes e amenizam a temperatura do solo.

Além disso, o cultivo de cobertura é aliado na supressão de plantas daninhas, reduzindo a necessidade do uso de herbicidas sintéticos. Com isso, torna-se uma prática também relevante para mitigar riscos de perda de acesso a mercados estratégicos, como o europeu, onde as políticas de
limites máximos de resíduos tendem a se tornar cada vez mais restritivas para algumas moléculas de herbicidas.

Outro ponto positivo é a melhoria da biodiversidade. O uso dessas plantas contribui para a diversificação do agroecossistema, criando ambientes mais equilibrados e menos suscetíveis a doenças e pragas. Em sistemas agroflorestais e orgânicos, as plantas de cobertura são pilares fundamentais para o sucesso produtivo e ambiental.

A utilização de cultivos de cobertura na entrelinha do café foi uma das práticas analisadas na agenda de carbono do Cecafé, por meio do estudo Balanço de Carbono na Cafeicultura de Minas Gerais, conduzido cientificamente pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e pelo professor da Esalq/USP, Carlos Cerri.

Os resultados dessa pesquisa demonstram que a manutenção do solo coberto, aliada a outras práticas conservacionistas, resulta em um balanço negativo (sequestro) de carbono de 10,5 t CO₂ eq/ha de café arábica cultivado ao ano, uma evidência concreta do potencial da cafeicultura regenerativa para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

A colaboração entre Cecafé e Emater-MG viabilizará que essas ações da agenda de carbono transicionem da esfera teórica para a prática no campo, contando com a expertise técnica e a capilaridade da empresa estatal e o apoio dos exportadores de café para gerar e ampliar o conhecimento entre os produtores.

Nesta primeira etapa, a parceria visa à implantação de Unidades Demonstrativas (UDs) em propriedades do Sul de Minas e do Cerrado Mineiro. O objetivo da instalação das UDs é divulgar aos produtores os resultados proporcionados pelo cultivo de plantas de cobertura na melhoria da saúde do solo, produção de biomassa, supressão de plantas daninhas, adaptação às mudanças climáticas, entre outros.

Além da instalação das UDs, as ações da parceria incluem: i) dias de campo, com foco em manejo sustentável; ii) assistência técnica especializada para produtores; iii) análises de solo e avaliação de biomassa; iv) mobilização de cafeicultores com apoio dos exportadores associados ao Cecafé; e v) elaboração de relatórios técnicos com base nas avaliações das UDs.

Em parceria com a Emater-MG, o Cecafé celebrou o 11º Dia Internacional do Café não apenas como uma homenagem à bebida que conecta culturas e pessoas ao redor do mundo, mas também como uma oportunidade de reconhecer e fortalecer os esforços conjuntos que promovem uma cadeia produtiva mais justa, resiliente e sustentável.

Marcos Matos
Diretor Geral do CECAFÉ

Silvia Pizzol
Diretora de Sustentabilidade do CECAFÉ