Entidade se reuniu com vice-presidente e ministro do MDIC para planejar iniciativas promocionais dos cafés do Brasil, com foco principal em China e UE
Representado pelo presidente Márcio Ferreira e pelo diretor-geral Marcos Matos, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) se reuniu, ontem, 28 de agosto, com o vice-presidente da República e titular do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, em Brasília (DF).
No encontro, que contou com a participação do secretário executivo, Márcio Fernando Elias Rosa, da secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, da subsecretária de Articulação em Temas Comerciais da Pasta, Heloisa Pereira Chikusa, e do diretor do Departamento de Desenvolvimento da Indústria de Bens de Consumo Não Duráveis e Semiduráveis, Rafael Ramos Codeço, discutiu-se amplamente a competitividade do café brasileiro no mundo, por meio da redução de burocracias e como fazer para que o país agregue mais valor ao produto e à cadeia produtiva como um todo.
Segundo Ferreira, foi uma oportunidade para estreitar e alinhar as ações comerciais e de promoção dos cafés do Brasil, destacando, como case, o bem-sucedido exemplo recente da China, atrelado à assinatura de acordo pelo governo com a Luckin Coffee, maior rede de cafeterias chinesa, que se comprometeu a comprar 120 mil toneladas do produto nacional ao ano, pelo valor de U$ 500 milhões, e à reunião, há duas semanas, com representantes da empresa.
“Aproveitando esse bom momento, propusemos ao governo um trabalho para buscar reduzir algumas documentações além do padrão internacional exigidas pelos chineses, que vão além dos certificados fitossanitários, a revisão de algumas burocracias para facilitar o comércio bilateral e a atual tarifa de 12% que incide sobre o solúvel e o café torrado e moído brasileiro para ingressar na China”, revela.
As importações dos cafés do Brasil pelo gigante asiático pegaram o elevador nos últimos anos, elevando o país ao sexto lugar no ranking dos principais destinos do produto em 2023. No ano passado, os chineses adquiriram mais de 1,5 milhão de sacas, gerando receita cambial ao Brasil de US$ 320,4 milhões, níveis que representam significativos crescimentos de 278,5% em volume e de 228,2% em valor.
“Definitivamente, a China deixou de ser promessa e é uma realidade entre os principais parceiros comerciais dos cafés do Brasil. O acordo assinado com a Luckin Coffee referenda isso e o incrível potencial do mercado chinês faz com que sigamos trabalhando cada vez mais para que o Brasil permaneça ampliando negócios e se colocando como o principal fornecedor ao gigante asiático, inclusive nos colocando à disposição para criar um grupo de trabalho com o MDIC para todo o tema relacionado ao comércio de café com a maior economia da Ásia”, complementa o diretor-geral Marcos Matos.
Na reunião, o presidente Márcio Ferreira enalteceu Alckmin por todas as ações internacionais que vêm sendo feitas em prol do país, o que favorece a abertura e a ampliação de negócios com diversos mercados, como no citado exemplo da China. “Aproveitamos para falar sobre tarifas e exigências existentes na relação sino-brasileira, que entendemos que podem ser facilitadas com ações do governo, fazendo do Brasil um país mais aberto para avançar em acordos comerciais”, anota.
Com foco nas emergentes e mais rígidas regulações do mercado internacional do café, Matos conta que o Conselho realizou uma apresentação ao vice-presidente sobre a “Plataforma de Monitoramento Socioambiental dos Cafés do Brasil”, desenvolvida através de parceria entre o Cecafé e a Serasa Experian, e das ações proativas e da nova iniciativa promocional da entidade voltada especificamente ao Regulamento Europeu para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR).
“Expusemos a evolução dos processos ocorrida nesses últimos dois anos de trabalho na plataforma Cecafé-Serasa Experian, que conta com mais de 50 membros, os quais respondem pela quase totalidade das exportações de café à União Europeia, responsável pela importação de quase metade do produto nacional, e a nossa nova campanha para promover a sustentabilidade dos cafés do Brasil e os trabalhos voltados ao atendimento do EUDR, por meio do site www.cecafe.com.br/eudr. Também apresentamos as preocupações e oportunidades que enxergamos com as novas regras e como nosso trabalho tem permitido a elevação das exportações à UE”, expõe Matos.
Ferreira completa que o Cecafé também solicitou à secretária Tatiana Prazeres e à subsecretária Heloisa Chikusa maior proatividade do MDIC e da Camex junto ao Ministério das Relações Exteriores (MRE) para que o governo se manifeste sobre a legislação relevante para a Comissão Europeia, seguindo a linha do que foi estabelecido e apresentado no “Protocolo multistakeholders das entidades do agro englobadas na EUDR”, que envolve as cadeias produtivas de café, soja, carnes, papel e celulose, madeira, couros, cacau, entre outras.
“Aproveitamos a oportunidade para solicitar o agendamento de uma reunião para tratar do assunto EUDR e identificar o que o ‘GT de Sustentabilidade da Camex’, que estuda a legislação relevante do país para cumprimento do EUDR, precisa como apoio e suporte dos setores do agronegócio brasileiro”, explica.
Também conforme o presidente do Cecafé, para que o Brasil permaneça no caminho de elevar as exportações de café à União Europeia, principal bloco econômico importador do produto, e a mercados emergentes e com grande potencial, como a China, é necessário o aprimoramento do georreferenciamento do parque cafeeiro nacional, para atestar o respeito socioambiental do produto, e a continuidade de agenda institucional com o governo, como vem ocorrendo com o ministro Alckmin, Itamaraty, outros ministérios e a ApexBrasil.
“Nesse sentido, convidamos o vice-presidente Alckmin para participar do Coffee Dinner & Summit 2025, que realizaremos em julho do ano que vem, com a participação dos principais parceiros institucionais e comerciais dos cafés do Brasil no mundo, além de nossos exportadores, cooperativas e produtores, sendo esta uma oportunidade ímpar para alinhamento de ações público-privadas em prol da cadeia produtiva do agro café brasileiro”, comenta.
PACTO DO TRABALHO DECENTE NO MEIO RURAL
Ainda ontem, cumprindo agenda institucional na parte da manhã, o Cecafé participou da cerimônia de assinatura do Protocolo de Intenções do Pacto do Trabalho Decente no Meio Rural, coordenado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que estabelece, por meio do diálogo social, diretrizes para boas práticas no trabalho no campo, além de combater o trabalho análogo ao de escravo e o infantil.
O ministro do MTE, Luiz Marinho, assinou o pacto juntamente com os Ministérios do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), da Agricultura e Pecuária (Mapa), do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDH) e das Mulheres, além da Organização Internacional do Trabalho (OIT), do Ministério Público do Trabalho (MPT) e de órgãos públicos e representantes dos empregadores e trabalhadores.
“O pacto busca aperfeiçoar as condições de trabalho no meio rural, estimulando a negociação coletiva, harmonizando entendimentos entre a fiscalização e os entes públicos e privados, valorizando a disseminação de práticas sustentáveis, com foco na formalização das relações de trabalho e na garantia do trabalho decente. Essa iniciativa, abrangendo entidades do trabalho e do agronegócio no Brasil, junto a governo federal e órgãos públicos, ajuda a criar um ambiente mais harmonioso entre trabalhadores, empregadores, MTE e os próprios fiscais”, conclui Matos.
Veja mais fotos da reunião com Alckmin: https://www.flickr.com/photos/mdicgovbr/albums/72177720319866366/
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