Cecafé pontua necessidade de isenção de tarifas aos cafés do Brasil para evitar inflação aos consumidores americanos e apresenta soluções da entidade para auxiliar importadores europeus frente ao EUDR
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) é um dos representantes do país no 16th SCTA Coffee Forum & Dinner, realizado pela Swiss Coffee Trade Association (SCTA), em Basel, na Suíça, sob o tema “Unity in complexity: building a smart & connected future”.
Hoje, 3 de outubro, o diretor-geral da entidade, Marcos Matos, foi um dos speakers no painel “Tariffs are beautiful… or are they? Supply & demand dynamics in the face of a new world order”, que debateu como as mudanças nas políticas comerciais e as tarifas estão remodelando a dinâmica tradicional de oferta e demanda no setor global de commodities.
“Pontuamos a importância dos EUA como maior importador global e a participação do Brasil, maior produtor e exportador mundial, como líder no fornecimento do mercado norte-americano, havendo, portanto, uma relação de interdependência entre os países. Dessa forma, tarifas impostas ao café brasileiro resultam em impactos negativos nos preços, gerando inflação ao consumidor dos Estados Unidos”, conta Matos.
No painel, o diretor-geral do Cecafé também recordou que a cada US$ 1 de café importado pelos EUA, são gerados US$ 43 na economia americana pela indústria cafeeira local, o que gera uma movimentação de US$ 343 bilhões aos cofres dos EUA anualmente, o equivalente a 1,2% do PIB.
“Respondendo por mais de um terço da oferta de café a esse mercado, é fundamental que os cafés do Brasil sejam ‘isentados’ de tarifas, de forma que haja condições justas de comércio, para que os consumidores americanos não enfrentem preços muito mais caros e os exportadores do Brasil mantenham sua representatividade nesse mercado. Como exemplo, já vemos os americanos deixarem a liderança das importações mensais em agosto e setembro deste ano, como reflexo do tarifaço de 50%, por isso é fundamental que mantenhamos os trabalhos em defesa de nossos exportadores e dos consumidores americanos em parceria com a National Coffee Association (NCA), nos mais diversos fóruns”, comenta.
Esse painel também contou com as colaborações de Bill Murray, presidente e CEO da NCA; Manuela Czinar (PhD), chefe de Pesquisa de Soft Commodities no Macquarie Group; Ana Wilks, chefe global de pesquisa no Neumann Kaffee Gruppe; Jonathan Hepburn, conselheiro da Divisão de Agricultura e Commodities na Organização Mundial do Comércio (OMC); e Thijs Geijer, economista sênior de Alimentos e Agricultura e líder de equipe de Pesquisa do Setor Global na ING Holanda, sob moderação de Dean Sanders, diretor de Empresas na Anthesis.
Matos também participou do painel “EUDR Solutions – Deep Dive” junto com Thomas Vaassen, cofundador e CEO do Meridia; Dr. Norbert Schmitz, diretor executivo do 4C Services GmbH; David Browning, CEO do Enveritas; Toby Brandon, diretor de Operações na Administração de Benchmark da ICE; e moderação de Hannelore Beerlandt, chefe de Operações na Organização Internacional do Café (OIC).
Com o prazo de inscrição para o Regulamento da União Europeia para Produtos Livre de Desmatamento (EUDR) se aproximando e a existência de algumas dúvidas e questões em aberto, o painel reuniu os principais provedores de soluções para uma atualização concisa e prática sobre o tema para analisar o que mudou desde o ano passado, o que aprenderam com os pilotos e implementações e quais soluções estão oferecendo para ajudar o setor a atender aos requisitos.
“Como ‘solução Cecafé’, expusemos que continuamos a evoluir a metodologia da ‘Plataforma de Monitoramento Socioambiental Cafés do Brasil’, que desenvolvemos em parceria com a Serasa Experian, com base no protocolo EUDR, e que estamos aprimorando os controles para verificação da rastreabilidade, por meio da dupla checagem de dados oficiais, para verificar a vinculação do produtor de café ao lote e ao uso do solo, a fim de proporcionar mais segurança nos controles e na avaliação de risco para parâmetros socioambientais”, destaca Matos.
Além disso, ele anota que o Brasil possui, atualmente, a geolocalização dos imóveis rurais, com base no Cadastro Ambiental Rural (CAR), para analisar a legalidade do imóvel – com base em legislação pertinente e fonte de dados para verificação da rastreabilidade –, e a geolocalização do lote para verificar se houve ou há desmatamento onde o café é produzido, considerando o cronograma inicial de dezembro de 2020.
“Em síntese, a Plataforma de Monitoramento Socioambiental Cafés do Brasil fornece insumos para as plataformas e sistemas dos importadores, que são os representantes legais e operadores do EUDR que devem preencher a devida diligência. Esses insumos são evidências conclusivas, adequadas e verificáveis por meio da plataforma e de relatórios digitais, tornando os riscos insignificantes”, explica.
Dessa forma, completa, os exportadores associados ao Cecafé membros da plataforma colaboram com os importadores, cumprindo o Artigo 9 do EUDR, que consiste em fornecer e encaminhar informações aos importadores.
“Nossa atuação foca no objetivo de apoiar e gerar evidências adequadas, pois as soluções (de Brasil e UE) são interligadas, ou seja, não competem entre si. Esse é um estudo de caso que demonstra o uso racional e otimizado de tecnologias, com transparência para a redução de custos”, conclui Matos.
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